Gerontólogo…uma preciosidade do século XXI
A tendência atual e contínua do envelhecimento populacional da população portuguesa requer medidas, iniciativas e intervenções que melhorem a qualidade de vida de cada individuo, que inevitavelmente envelhece de modo complexo. Estará o sistema nacional preparado para acolher esta mudança em constante necessidade de readaptação à realidade? Surge, então, como uma necessidade primordial assegurar e integrar a pessoa idosa na sociedade de modo equilibrado e quebrar mitos, estereótipos e/ou preconceitos associados à velhice.
A Gerontologia assume, assim, a sua relevância, na medida em que estuda o ciclo de vida do envelhecimento no seu todo biopsicossocial, perspetivando a vida de cada ser humano como individual e digna. É neste pretexto que se abre uma porta para que cada individuo, um dia idoso, seja o protagonista da sua própria história única num processo de evolução contínua e heterogéneo. Importa assim, anotar as problemáticas para serem definidas as soluções com diferentes mecanismos adaptativos, de acordo com as necessidades e especificidades de cada individuo.
O Gerontólogo, fruto dos seus conhecimentos interdisciplinares sobre o envelhecimento normativo e não normativo (patológico), é uma excelente aposta para as transformações e adaptações necessárias, simplificando-as, dado o seu olhar único sobre cada pessoa com quem se relaciona. Somos todos diferentes e desejamos metas diferentes
Resumindo, sob o meu olhar, o Gerontólogo é uma preciosidade do século XXI.
1 - Estuda problemáticas: Avaliação
- Observação holística direta (entrevista) e indireta
- Registos pessoais, familiares, clínicos (antecedentes) e especificidades
- Avaliação multidimensional (cognitiva, psicológica, funcional, qualidade e satisfação com a vida e social)
2 - Define estratégias: Planeamento
- Quais são as limitações e/ou patologias identificadas que requerem maior atenção?
- Quais os domínios com necessidade prioritária de intervenção?
- Que apoios familiares e/ou sociais o indivíduo tem?
- Que intervenções podem ser aplicadas de modo sustentável?
- Com que frequência devem ser realizadas essas intervenções?
- Quais são os gostos e preferências da pessoa que a incentivem a ser a protagonista do seu cuidado?
- Que outros profissionais podem e devem complementar este processo?
3 - Aponta soluções: Execução
- Intervenções não farmacológicas: sessões de grupo e/ou individuais (musicoterapia, psicoemocionais, treino cognitivo, estimulação multissensorial, atividade física...);
- Conceção de documentação essencial: plano individual de cuidados, regime medicamentoso, registo de sinais vitais e ocorrências;
- Aconselhamento individual e/ou familiar;
- Acompanhamento individual a longo prazo;
- Sugestão de encaminhamento para os serviços mais indicados.
Estes são exemplos que a qualquer momento podem ser reinventados e inovados com a criatividade de cada profissional, visto que como dizia uma das minhas professoras com experiência na área "não existem fórmulas ou respostas mágicas", porque cada caso é um caso, logo deve ser cuidado como tal.
E os outros profissionais? Os restantes profissionais que atuam na área do envelhecimento (assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, geriatras...) também têm o seu valor, dado que as suas áreas de atuação são distintas, o que releva a importância da conceção de uma equipa multidisciplinar a fim de melhorar as condições de vida das pessoas idosas inseridas em contextos institucionais e comunitários, podendo essa mesma equipa delinear e planificar políticas e serviços sociais inclusivos e acessíveis que se adequam à atualidade, ultrapassando as barreiras que se opõe à mudança crucial.
Nenhum profissional é substituível. Pelo contrário, a sua complementaridade e entreajuda é uma aposta valiosa. Ou seja, a ação pode iniciar-se com o Gerontólogo, este que pode e deve solicitar a intervenção dos profissionais que considere necessários para juntos acionarem de modo holístico e culminarem as necessidades biopsicossociais, num processo contínuo e consistente.
A melhoria das condições de vida não foi acompanhada pela melhoria da qualidade de vida. Mas, a Gerontologia é uma energia inovadora com a esperança num envelhecimento próspero para as gerações atuais e vindouras. Para tal, é fundamental que resida em cada um de nós o poder de desejar a mudança individual e coletiva, esforçando-nos hoje, no presente, por um amanhã luminoso biopsicossocial.
Texto redigido por Cuidar com Amor & Felicidade | Gerontóloga Magda Mendes